segunda-feira, 27 de junho de 2016

Adoção inter racial: muito sobre o que se pensar.

Esse foi o tema da reunião do Grupo de Apoio a Adoção Laços de Ternura nesse sábado, dia 25 de junho. O que levanta muitas questões e que me levou a pesquisar e ler matérias em outros blogs. Mas antes de começar a falar sobre isso, vamos aos dados que nos foram colocados (e muito bem colocados)
 
O descobrimento do Brasil foi em 1500 e o início da escravidão se deu em 1550. A abolição da escravidão se deu em 1888. Se contarmos do iníco até a abolição, temos 338 ANOS DE ESCRAVIDÃO. E se formos da abolição até os dias de hoje temos apenas 128 ANOS SEM ESCRAVIDÃO. Olhando assim vemos que o Brasil passou muito mais tempo em período de escravidão do que de liberdade dos negros. O que explica, mas não justifica, todo esse preconceito que ainda existe na sociedade brasileira.
Transcrevendo um trecho da apresentação que nos foi mostrada: "O Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão e ainda hoje, não se libertou do preconceito racial que impõem ao branco uma condição de superioridade ao negro."
 
Agora, falando de adoção, a grande maioria dos casais pretendentes a adoção tem a cor branca e dá preferencia a crianças brancas para não ter que explicar a filiação, fazendo disso uma tentativa da adoção imitar uma gestação biológica. Em contra partida, existe também o medo dos pais adotivos não saberem como lidar diante de atos de preconceito não conseguindo se defender e nem defender aos seus filhos.
Mas o amor não emerge da convivência familiar? Seus laços não vão muito além da simples cor da pele? Do formato dos olhos? Se o cabelo é enrolado ou não? Esses são os problemas que nós adultos criamos, vivenciamos, tememos.
Para a criança, isso é indiferente.
Enquanto os pretendentes a adoção preenchem um perfil onde devem escolher se seu filho deve ser branco, negro, amarelo, pardo, indígena ou não, a criança em situação de acolhimento não espera um pai alto ou baixo, uma mãe gorda ou magra, se serão negros ou caucasianos. A única coisa que essa criança ou adolescente espera é uma família que a acolha e a ame, cuide, acompanhe. Esse é o momento em que devemos aprender com as crianças.
Ainda de acordo com os dados do CNA (Cadastro Nacional de Adoção) temos mais de 66% de crianças pardas e negras prontas para serem adotadas no Brasil e na contramão disso, 23,4% dos pretendentes a adoção SÓ aceitam crianças brancas. O Brasil é um país constituído por metade de negros, e a outra metade que tem o dobro de privilégios. Estranho não?
Deixo aqui algums pensamentos meus... Por que se preocupar tanto com a cor da pele, se debaixo dela todas as cores são as mesmas? Por que dizer que são inferiores se a grande parte da nossa cultura veio do continente mãe?
Então mundo, prepare-se. Eu e meu marido somos "brancos" e "pardos" (!) e sim, temos uma imensa chance de sermos pais de uma criança negra, com muito orgulho. Afinal, deveríamos preencher nosso perfil com uma única raça: HUMANA.
 
 
Para quem tem curiosidade sobre o preenchimentos do cadastro e do perfil, segue o link de um para verem quantas informações são necessárias e como é difícil ter que "escolher" um perfil. Pelo menos pra mim, foi o momento mais complicado do processo: Perfil para adoção (Formulário de Cadastro).