segunda-feira, 18 de abril de 2016

Os medos que nos cercam...

Há um tempo atrás, tivemos uma dinâmica chamada "De frente com a mãe biológica" e nela deveríamos dizer quais seriam nossas palavras para a genitora de nosso filho adotivo. Como relatei em outro post (Encontro GAALT - Dinâmica "De frente com a mãe biológica" - Fevereiro/2016), talvez a única coisa que faria sentido dizer era "Obrigado!". Isso seria de coração!
Mas logo após isso, aquela passou a ser uma semana de muitas angústias pra mim. Pela minha cabeça, e em segredo, a ideia que começou a se formar foi muito dolorida. Jamais pensamos em mentir ou ocultar algum fato para nosso anjo a partir do momento em que estiver conosco. Sim, vai saber que é adotado. Sim, vai saber que nós nos escolhemos para viver uma linda vida juntos cheia de acertos e erros. Sim, quando fizer dezoito anos e se quiser, pode ir procurar e conhecer a mãe biológica.
"Mas e se de repente resolver que ama mais a mãe biológica do que eu e o papai?"
Confesso que nem ao meu amado marido comentei sobre esse pânico que se instalou dentro de mim. É todo direito de nosso filho procurar conhecer seu passado, sua história antes de nós. Mas só eu sei o quão triste fiquei com esse pensamento.
Então que mais uma vez, no momento oportuno, recebi um recado. E essa é uma daquelas histórias que a gente não pode deixar passar.
Na empresa, uma dessas pessoas que a gente sempre cumprimenta no corredor, mas não tem tanta intimidade, passou a conversar comigo porque estava junto com outra pessoa com quem tenho mais contato. Em uma ida ao almoço, começamos a conversar amenidades, quando ela me perguntou se eu já era mãe.
-Ainda não. Estou "gestante" mas de um jeito diferente. Seremos pais adotivos.
Tenho o maior orgulho em dizer que serei mãe. Que estamos passando por esse tipo de gestação que não muda o corpo mais transforma totalmente a vida.
Os imensos olhos escuros dela brilharam e fui presenteada com uma linda história de adoção cheia de muito amor, luta e grandes vitórias. Uma história de entrega, de dedicação, de perdão e amadurecimento. E no final dela, um recado que eu tenho certeza, veio de Deus:
-A gente tem necessidade de conhecer a mãe biológica, sabe. Mas amor, amor de verdade, é pela família que te acolheu, cuidou e te ama. A gente só precisa saber de onde realmente veio. Mas a gente ama onde mora.
Onde mora o filho adotivo? No coração da família que o recebeu. Nós não estamos salvando ninguém, estamos amando e sendo amados na medida certa. Nós estamos vivendo um amor que supera os limites de tudo que pode ser explicado. Porque amar de verdade nunca é demais.
 
Olha, eu só queria agradecer. Obrigada mesmo por me dar esse recado mesmo sem saber o que me afligia tanto o coração naquele dia. E obrigada por reafirmar isso esses dias atrás, por me oferecer um sorriso tão sincero sempre que nos encontramos. Conhecer a sua história foi algo fantástico, um presente precioso que enche o coração de imensa alegria.

Obrigado Senhor, pelas mensagens que tem nos enviado!
 
O Abraço - Romero Britto
 

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