Dia 11 de maio de 2015, 13:45.
Estamos no Fórum de Santo André para o curso. Somos ainda pretendentes à
adoção. Mesmo assim, tenho em mim aquele misto de ansiedade e emoção que poucas
pessoas talvez entendam.
Aparentemente, umas quinze “famílias”. Achei o termo ótimo:
não são casais que se encontram ali, e sim famílias.
O curso, nenhum bicho de sete cabeças, nos mostrou
estatísticas, tirou dúvidas e nos fez entender vários aspectos sobre adoção que
não me passavam pela cabeça, apesar de ter procurado me informar o máximo
possível antes dessa tão importante decisão. Confesso que a princípio, enquanto
o psicólogo falava, pensei que não tinha estrutura suficiente para continuar.
Eles nos mostraram em primeiro lugar que não estão ali para
escolher um filho para nós e sim encontrar uma família que possa cuidar com
muita responsabilidade de uma criança que se encontra disponível para adoção. E
daí por diante, todos os dados e informações passadas nos fazem ver como esse
trabalho é importante.
Diante de alguém que já sofreu um trauma, a maior preocupação
é tornar todo esse processo o menos doloroso. Então percebemos que o processo
de adoção no Brasil não é burocrático e nem demorado. Ele é sério e merece um
respeito imenso.
O processo para receber a habilitação não pode ser mensurado.
Depende da família que se dispõe a adotar. Pode levar meses, como também pode
levar anos. Me coloquei a pensar na responsabilidade de entregar uma criança
para uma família e ter certeza de que ela terá todas suas necessidades
supridas. Uma criança que já passou por um trauma de separação. Não é tão
simples quanto imaginamos. E tem também o perfil que os pretendentes a adoção
entregam.
Durante o curso, quando uma pretendente fez a pergunta: “Depois
de conseguir a habilitação, quanto tempo demora a fila?” a resposta foi
categórica: “Se você pretende adotar um
recém nascido, do sexo feminino, de pele branca, cabelos loiros e olhos azuis, acredito
que mais de dez anos de espera.”.
Sobre adoção, eu nunca imaginei isso como uma ida ao
shopping onde escolho a boneca exatamente do jeito que idealizei. Estamos nos
colocando à disposição para nos tornarmos responsáveis em garantir o bem estar
de um filho, que não biológico, mas é um filho. Para aquele que lutaremos por uma
boa educação, condições de moradia segura, saúde. Para aquele que serviremos de
exemplo.
Estamos agora percorrendo o caminho de sermos merecedores de
carregar conosco a força da palavra “pais”. E com muita fé em Deus de que no
momento certo receberemos nossa habilitação e a honra de carregar essa
responsabilidade tão preciosa conosco.
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